Entrevista: Caroline Candido Veroneze

    

    Continuamos nossa série de entrevistas com os servidores do IFPR campus Pinhais.

    Desta vez, conversamos com a bibliotecária Caroline Veroneze, que nos contou um pouco sobre sua profissão e nos deu dicas de leitura maravilhosas. 

    Esperamos que gostem!

Foto: Arquivo pessoal


O Clube: Passar várias horas diariamente em uma biblioteca é sonho de muitos leitores. Você pode nos contar um pouco sobre a trajetória que te levou a ser bibliotecária? 

Caroline: No ensino médio eu não tinha ideia se queria fazer alguma faculdade e, ao mesmo tempo, por conta de um curso de línguas, comecei a frequentar uma biblioteca pública (a da minha escola tinha o acervo fechado e, como eu era muito tímida, não pedia nada para a bibliotecária). Eu gostava do ambiente, de andar pelas estantes e ficava impressionada com a rapidez com que as atendentes de lá encontravam os livros que eram solicitados a elas. Mas só pensei em fazer a graduação quando, ao ler uma revista para vestibular, daquelas que falam sobre graduações e profissões, me deparei com o nome “Biblioteconomia”. Achei super diferente (aquariana talvez?) e adorei a ideia de trabalhar com livros. Pesquisei mais um pouco sobre e decidi prestar vestibular.
    Entrei no curso da UFSCar (São Carlos-SP) e no primeiro ano da faculdade estava pensando em desistir do curso. Então comecei a procurar um estágio pra ter certeza do que fazer da minha vida. Quando comecei a estagiar, vi que eu adorava trabalhar em biblioteca tanto quanto gostava de frequentá-la como leitora, aí concluir a graduação foi fácil.


O Clube: Os usuários certamente não sabem grande parte do trabalho que é realizado dentro de uma biblioteca. Poderia compartilhar alguns aspectos ou curiosidades do seu trabalho?

Caroline: Ah, eu leio o dia inteiro, já li todos os livros da biblioteca. Bom, não né, mas bem que eu gostaria. O trabalho da/o bibliotecária/o é centrado na informação e podemos atuar em unidades de informação bem diferenciadas, como em hospitais, empresas, editoras, emissoras de televisão, museus, bibliotecas especializadas. Há também quem trabalhe como freelancer ou em pequenas empresas que podem ser contratadas para normatizar trabalhos acadêmicos, organizar acervos. Esses são só alguns exemplos e pra cada uma dessas atuações há especificidades.
    Trabalhar numa biblioteca escolar exige pensar e atuar na questão física do espaço (organização do espaço físico, layout e acessibilidade, organização do acervo, decoração e receptividade); parte técnica (catalogação, indexação, processamento técnico); oferta de serviços (atendimento ao público, treinamentos, serviço de referência, comunicação e redes sociais, ações culturais e eventos); gestão (planejamento e análise dos serviços, espaço e de aquisição), além de atividades específicas que aparecem no decorrer de um ano escolar e também típicas de uma instituição pública.


O Clube: Como você encara o crescimento das bibliotecas virtuais? De que maneira mudam a relação entre os leitores e os livros?

Caroline: É incrível! Acredito que quanto mais opções existirem mais leitores existirão. Eu ainda não tenho um e-reader, mas já está nos meus planos, parece muito prático! Posso carregar a trilogia do Senhor dos Anéis pra qualquer lugar sem sofrer com o peso, adquirir e receber um livro novo em questão de minutos sem sair de casa. Mas não consigo pensar em substituição do livro físico pelo digital. Acredito que, como eu, boa parte das pessoas carregam um apego emocional pelos livros em papel, com o hábito de cheirar livros, emprestar aos amigos (e obrigá-los a ler), admirar capas - que também servem para decorar ambientes -, presentear e fazer dedicatórias, coletar autógrafos...


O Clube: Que leitura você indicaria para nossos estudantes?

Caroline: Que emoção, adoro indicar livros! (e receber indicações e conversar sobre livros) Mas é muito difícil indicar um livro só, sabendo que nossos estudantes são tão diferentes entre si, então vou indicar logo três!
    - O filho de mil homens (Valter Hugo Mãe): é um livro gostoso de ler, tem edições com capas maravilhosas, os capítulos são curtos e o livro é pequeno, então quando você vê já está terminando, e a história é muito legal, com personagens variados apresentando seus problemas de forma humana, é maravilhoso, muito bom, leiam!!
    - Sandman (Neil Gaiman): este é em formato de histórias em quadrinhos e me apaixonei por ele numa disciplina da graduação. Sandman é um dos Perpétuos – que são 7: Destino, Morte, Destruição, Desejo, Desespero, Delírio e Sonho ou Sandman – e a história começa com ele sendo capturado por engano por um grupo de magos e segue com Sonho tendo que escapar e reconquistar seu reino. No decorrer dos quadrinhos Neil Gaiman insere elementos históricos e mitológicos que dão um charme a mais ao enredo. Aliás, recomendo tudo que tiver sido escrito por Neil Gaiman.
    - A vida invisível de Eurídice Gusmão (Martha Batalha): meu livro preferido de 2019, amei a ponto de abraçar o livro e não querer soltar mais. Não sou capaz de resumir, então, leiam. Ah, e se você assistiu o filme antes, tranquilo, o livro é beeeeeeem diferente.


O Clube: Poderia deixar uma mensagem para nossos leitores?

Caroline: Permita-se. Às vezes a gente assume que não gosta de uma disciplina, ou não gosta de alguém, de brócolis ou de fazer contas, e acabamos cortando uma possibilidade da nossa vida repetindo pra nós mesmos “não gosto”. Eu não estou dizendo pra você encher o prato de brócolis e comer mesmo sem gostar, mas pra deixar a mente aberta e provar outros pratos.
    Leia o que sentir vontade, largue quando não quiser mais, termine 500 páginas em um dia, demore um ano pra ler 30. Acredito que há sempre um livro certo pra cada momento da sua vida. Você só precisa permitir.

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